Projeto de companhia farmacêutica visa criar empatia entre neurologistas e pacientes. Simulação está percorrendo os Estados Unidos e qualquer pessoa pode participar.
Aparelho ajuda pessoas saudáveis a experimentar a esclerose múltipla
Você quer ir para frente, mas sua perna não obedece. Quer levantar uma xícara, mas algo parece que a puxa para baixo. Tenta pagar a conta, mas não consegue enxergar quais as notas que estão nas suas mãos. Seus dedos formigam, sua temperatura sobe, tudo parece fora de controle. Esses são os sintomas da esclerose múltipla (EM), que até agora eram conhecidos em primeira mão apenas pelos portadores da doença. Até agora, porque uma companhia farmacêutica criou um simulador da enfermidade. O objetivo? Fazer médicos e familiares entenderem exatamente o que sofre um paciente com esclerose múltipla durante uma crise.
A experiência é estranha, mas reveladora. Uma coisa é conhecer a listagem de sintomas da esclerose múltipla – outra, bem diferente, é senti-la na pele. “Definitivamente é algo que cria uma empatia, que é essencial na relação entre médicos e pacientes”, afirmou ao G1 o neurologista brasileiro Alessandro Finkelszten, do Hospital das Clínicas de São Paulo, que experimentou o simulador. “É uma experiência bem diferente. Não temos nada parecido com isso, nem mesmo durante a faculdade de medicina”, disse ele.
O projeto, criado e desenvolvimento pela companhia Biogen Idec, está percorrendo os Estados Unidos. Nesta semana, foi levado à Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, em Chicago. “Acreditamos que é muito importante levar essa experiência para os médicos, para que eles vejam a doença de um jeito novo, entendam como isso afeta o dia-a-dia das pessoas”, disse o diretor da empresa, José Juves.
Família experimenta
A simulação também já foi levada para quatro shoppings centers nos Estados Unidos, onde atraiu a atenção dos americanos. “Pacientes levaram seus familiares, fizeram-nos experimentar. E, na hora que eles saíam, diziam: ‘Nossa, agora sim eu entendo o que você passa’”, conta a gerente da Biogen Idec, Shannon Altimari.
O simulador, na verdade, é um equipamento bastante simples. Consta de uma esteira, como aquelas de academia, luvas especiais, fones de ouvido e uma tela de televisão. A esteira reproduz a dificuldade de movimento dos pacientes de esclerose – de acordo com Finkelszten, um desequilíbrio muito parecido com o da labirintite. As luvas tiram a sensibilidade e causam formigamento na ponta dos dedos. Os fones abafam os ruídos e a tela reproduz a visão de um portador durante uma crise. Além disso, há um aquecedor, que mostra como são os “calores” que os pacientes sofrem.
A Biogen Idec no Brasil pretende trazer o simulador para o país, mas ainda não há previsão de quando e onde isso vai acontecer.
A jornalista Marília Juste viajou a convite da Biogen Idec
Fonte: G1
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