15 abril 2008

Brasileiros "caçam" genes que possam causar a esclerose múltipla

Doença faz as defesas do organismo se voltarem contra o sistema nervoso. Iniciativa internacional busca encontrar as causas do problema.

Um grupo de cientistas brasileiros está colaborando com uma iniciativa internacional em busca de causas nos genes para a esclerose múltipla, uma doença sem cura que pode debilitar gravemente os pacientes. O projeto, coordenado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, conta com a colaboração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A esclerose múltipla é uma doença de causas desconhecidas que vira as defesas do organismo contra o sistema nervoso. No ataque, os nervos perdem a chamada bainha de mielina, que os recobre, e não conseguem mais transmitir sinais adequadamente. Os sintomas variam dependendo da área afetada e de outros motivos ainda desconhecidos da ciência, mas vão desde a falta de equilíbrio até as convulsões.

Além das causas da esclerose múltipla, a iniciativa britânica acredita que a variação na intensidade da doença também pode ter explicação genética. “Há um consenso geral de que um conjunto de genes pode aumentar a predisposição à doença e influenciar suas formas de evolução”, explicou ao G1 o neurologista Walter Arruda, do Hospital das Clínicas da UFPR, durante a Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, em Chicago, nos Estados Unidos. “Enquanto algumas pessoas apresentam uma evolução mais tranqüila e uma vida quase normal, outras têm sintomas bem mais sérios”, afirma Arruda.

Multifatorial
O médico brasileiro explica que já se sabe, com base em estudos anteriores, que não existe um “gene da esclerose múltipla”. Existem, porém, grupos de genes ligados a problemas auto-imunes (os que fazem o corpo se voltar contra ele mesmo). “Mas isso não é suficiente para explicar por que a doença existe, e é isso que vamos tentar descobrir”, disse ele.

A equipe paranaense, coordenada por Rosana Schola, está selecionando dados e material genético para enviar ao grupo no Reino Unido. No futuro, acredita Arruda, os brasileiros devem entrar no trabalho de análise desses dados para procurar, por aqui mesmo, as causas da doença. “Temos um excelente laboratório de biologia molecular, então acho que esse é o caminho,” destacou.

A jornalista Marília Juste viajou a convite da Biogen Idec

Fonte: G1

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